domingo, 28 de setembro de 2008
Fio da Navalha
Reecontrei o Charlie. E como das outras vezes o ouvi pacientemente.
"Quanto sangue há em meus olhos. E é com o rubro sangue que escorreu dos olhos e molhou os meus dedos que escrevo essas palavras. Minhas veias estão envenenadas, destilam fel. Numa frequencia mortal meu coração bombeia pólvora para o cérebro. Não há balas de festim. Hoje sou a navalha. Da faca sou o corte. Do martelo o esmiuçar da rocha.
Um cálice de ódio me bastou essa noite. Delicadamente o bebi, como quem experimenta o melhor vinho. Saboreei todas suas interfaces, amargas vinganças. Mas é da digestão que falo. É dessa suposta fraqueza que faço a minha força, me desculpem os fracos. Não sou capaz de ferir uma rosa, pois ela não pode ler-me. No vômito repousa os planos de Janeiro e a estação do fim de Setembro.
Novamente, me desculpem os fracos. Hoje é meu o ranger dos dentes. O maquinar do mal. A vingança e a não justiça. Gritos e berros. Para vocês, a morte, pois a mim ela rejeitou.
As boas palavras do meu dicionário fugiram sorrateiramente. Sobrou apenas um...
Fodam-se todos!"
Sabe, Charlie - disse eu - você tirou as palavras dos meus dedos.
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2 xícaras:
Junto-me a vós outros e em uníssono dizemos FODAM-SE.
Algumas vezes isso se faz necessário!
"Os planos de Janeiro..."
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