terça-feira, 24 de junho de 2008

Hole - "Reasons to be beautiful"

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Nunca subestime uma mulherzinha.
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quinta-feira, 19 de junho de 2008

Empedernido

- Você já se apaixonou alguma vez?

- Pra quê? A vida já é severa de mais.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

D'or.

Empurraram-na.
Deram alguns comprimidos que a fizeram dormir. Interessante ver, como ela relutava em fechar os olhinhos mesmo sabendo que o sono era inevitável, uma tentativa estúpida de resistência.
Acordou com o sol batendo no seu rosto. Desorientada não tinha a mais vaga idéia do que estava e como havia parado ali.

Tinha sede.

Dos ensaios indissiocráticos do menino, ela pôde aproveitar pouca coisa. Era como se suas explicações vagas a puxassem para dentro da areia.
Ela também queria ser especial, queria fazer falta. Ele faz falta. Ele é especial pra caralho.
Embora não houvesse dor, mantinha a sensibilidade de cada parte de seu corpo, mas agora esta noção de si própria se alargava. Cada grão levado pelo vento era sua extensão, ela via o que cada grão via, e sentia-se cada vez maior. Infelizmente, manter os pensamentos em foco era uma dificuldade crescente.

Porque sempre quando a menina elefante chora, é porque quer que alguém a escute.
Porque sempre quando a menina elefante cria o seu mundo, é porque o mundo em que ela estava não era o dela.
Deus havia se tornado sádico, e a vida, uma brincadeira sem graça.
Presa e afundada em pensamentos de não-merecimento, ela sentia sede.
Puxada cada vez mais forte pra dentro da areia do quarto, sendo aos poucos soterrada, a areia entrando por seus olhos, ouvidos e boca, a envolvendo e a devorando. Arrancando dos ossos a carne - ardida como mil infernos - sai o sangue, pois o corpo humano é água, e ali alguém tinha sede. Que, por um tempo, foi saciada. Mas logo voltaria.

Então era preciso esperar.
Porque ela era a cadelinha deles, tão medíocre e obediente.


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Das histórias da "menina elefante". Qualquer semelhança, é mera coincidência.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Nos verá o Sol.


Vejo-te ali, sentada no canto do sofá com um dos joelhos encontasdos no seu colo. Vestida com minha blusa de botão, que lhe cobre os braços. Você ouve atentamente o louvor dos passáros e descreve, em sua mente, a difração da luz matinal. Em volta do joelho suas mãos seguram firmemente um xícara bege contendo dois dedos de chá. Após um gole suave voce me olha, percebo em seus olhos uma gratidão enorme.

Guardei para ti toda a minha paixão, te esperei com tanta paciencia que duvidei da sua vinda. E no fundo voce sabia, sabia que eu guardava em mim esse segredo. Você descobriu aos poucos, e agora esboças esse sorriso de satisfação fruto de uma perseverança sensata.

Voce não sentiu, mas enquanto dormia deixei que meu dedo escorregassem sobre seus traços finos e sua pele macia até que eu os pudesse gravar. Dedilhei todos os seus cachos e deles retirei canções. Dos seus cabelos enegrecidos voavam borboletas e brotavam flores com os mais diversos degradês. Seu pescoço lânguido e perfumado me arrebatava ao pomar mais sortido.

Hoje, pela manhã, quero provar desse meio segundo ao seu lado, quase eterno.