sábado, 20 de setembro de 2008

Toda Espera




O trem chegou e pela primeira eu me vi em seus olhos; ali estava ele, sorrindo e segurando na mãos o endereço da minha casa. Tínhamos combinado que ele me procuraria, mas eu não resisti. Por 15 meses nos correspondemos por cartas. Nelas os versos mais nobres, senso refinado, palavras sensatas e moderadas conforme tinhamos combinado.
Nos retiramos da estação e caminhamos até o ponto de táxi, chovia. Ele cobriu-me com seu sobretudo e colocou um dos braços sobre as minhas costas, senti-me segura. Em nosso passos continha harmonia, nunca andamos juntos, mas era pé após pé em uma estrada que se tornaria longa em um caminho seguro, ele estava comigo. Lembro-me das mãos delicadas sobre os meus ombros, aquecia-me no último dia de inverno pois a primavera se aproximava e as flores já aromatizavam o perfume que faria parte da nossa história.
Eu quis fazer uma surpresa e vesti a camiseta que ele me deu no dia do meu aniversário, ao me ver, ele sorriu com ternura a que jamais tinha presenciado.


Pegamos o táxi, já sentados no banco de trás daquele automóvel amarelo, ele pôde acariciar o meu rosto e beijar os meus olhos; ele tinha me prometido que faria isso. Colocou-me frente a ele e segurando em minha cintura beijou-me os lábios. Foi o beijo mais doce que recebi.
Voltei ao tempo e lembrei que nos meus sonhos eu tinha vivido aquele momento que agora se realizava. Ele finalmente saiu das cartas e dos meus sonhos.
Durante os 15 meses trocamos fotos, presentes, versos e sonhos mas agora estavamos nos preparando para vivemos juntos por toda nossa vida.
Pegando a minha mão, a beijo e colocou em meu dedo anelar um anel feito de palha, no momento não entendi o porque colocava aquele anel em meu dedo mas logo veio a minha memória a carta que ele me escreveu no mês nove. Nela ele dizia que estava passeando no parque vendo a chuva dar vida as flores e os passáros a cantar, sentou-se no banco que ficava embaixo do quiosque e achou umas palhas secas, ali olhou para o céu azul e viu-me dançando na chuva, conteplando a minha dança começou a dar forma a palha e quando caiu em si tinha feito um anel.
Ele nunca tinha me visto, mas tinha certeza que o anel era a medida certa do meu dedo, por isso guardou em seu bolso e esperou para guardar para sempre em meu dedo.

Finalmente o táxi chegou no seu destino. Ele abriu a janela e olhou para o alto, diz que sentiu o perfume da planta que estava na janela no meu andar. Pegando o meu endereço no seu bolso, olhou para os lados, de um lado estava a livraria, do outro o prédio 789 com parede azul. Disse: cheguei!
Convidei-0 a entrar, ele tirou o sobretudo que havia colocado para me proteger e o guardou atrás da porta. Eu o levei até o quarto para que ele pudesse trocar aquela roupa molhada. Enquanto ele se trocava eu preparava o capuchinho de creme que ele adorava. Contou-me por carta.
Ele dirigiu-se até a parede onde eu estava as prateleiras que continha os meus filmes. Fechando os olhos com o dedo indicador escolheu.
O capuchinho estava pronto, ainda chovia. Sentamos no sofá. Coloquei as minhas pernas sobre as dele e conversamos sobre os 15 meses de cartas, prosas e versos. Agora era olhos nos olhos, corpo no corpo e lábios colados. Queríamos assistir o filme que estava em suas mãos, porém a vontade de se olhar e de se ter era tanta que não resistimos e nos entregamos um ao outro. Foi mágico, foi lindo, foi perfeito e sublime. Era o nosso momento, era a nossa história de amor.

4 xícaras:

M disse...

Amada,

ler tuas palavras a descrever tais momentos ouvindo a nossa música foi de arrancar-me lágrimas dos olhos. Sinto tua falta. O teu perfume, o teu toque, o gosto do teu beijo e o brilho do teu olhar ainda carrego comigo.

Come away with me in the night
come away with me

Amo-te incondicionalmente,
o amado.

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Pura poesia este teu texto, hein, Petruska! Tô boquiaberto do lado de cá!

beijos, beijos

Anônimo disse...

vO momento que descrevi para mim tornou-se inoxidável. Ainda bem que não foi um sonho como nas outras vezes.
E que a nossa música possa embalar nosso caminhar seguro.

Come away with me in the night
come away with me

Anônimo disse...

Gostei do final...

Pr. Ricardo "Caco" Pereira disse...

Romântica você moça...
Isso é reflexo do que é vivido ou é anseio por viver? rs