terça-feira, 30 de dezembro de 2008

"tim tim"


Enfim. É o fim de 2008. E o início de 2009. E o que desejamos?

Aos escritores, a inspiração.
Aos românticos, o amor.
Aos maus, a bondade.
Aos bons, a maldade.
Aos indiferentes, um abraço.
Aos solitários, a companhia.
Aos eternos vencedores, a glória do chorar.
Aos tristes, a alegria.
Aos mortos, lembranças.
Aos vivos, juízo e saúde.

Beijos e abraços! Ou ósculos e amplexos, se preferirem.

Votos do Caffe au Leit.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Erupção


Meu pensamento está debaixo da sua saia. E eu não consigo me controlar. Minhas mãos querem rasgar esse pedaço de pano que cobre o seu corpo. Seu corpo que tem cheiro de vodka e mel. Meus dedos impulsivos querem desenhar sua panturrilha, suas coxas e sua virilha.

Você pensa que eu vou desistir fácil. Mas não. Vou respirar ofegante próximo ao seu pescoço. Feche os olhos, se arrepie. Eu vou te provocar. Você suspira. Eu me calo. Você suspira novamente. E devagar... Devagar eu vou avançando.

Você faz todo esse charme dizendo que não me quer. Faz de conta que é indiferente aos meu ombros largos e meus lábios grandes e sedentos. Cruza as pernas com a sensualidade que é só sua, mostrando detalhes dessas suas pernas pecaminosas. Mas o que voce quer mesmo é subir em mim. Impôr seus seios em minhas mãos, em meu rosto. Eu consigo interpretar cada reação sua. O seu desejo é de lamber o meu corpo. Sugar o meu sangue. Comer os meus olhos. Pisar meu abdomen. Morder minhas orelhas. Sentar sobre as minhas pernas.

Isso. Me olha como quem só pensa em transar, e gritar. Pra você nem de roupa eu estou mais. Estou de cueca branca e você quer me morder todo. Me enxarcar com seu suor até salgar minha alma e me marcar como despojo de sua conquista tarada. Safada.

Você inspira pecado. Entre nós, carnal. Atração física. Sem palavras. Só desejo. Incontrolável.

suspiros...

domingo, 21 de dezembro de 2008

Caronas Numa Viagem sem Rumo


* Apenas Uma história *


- O trecho que sai da cidadela pés-rosados partindo em direção ao oeste do país, passando por outros dois estados litorâneos está em ótimas condições.

Era o que dizia uma estação de rádio AM. Ouvi isso enquanto eu saia das redondezas da minha cidade e tentava sintonizar uma boa rádio para poder ouvir durante a viagem.
Minha única mala estava no branco traseiro.

Sentado no banco ao lado estava Charlie, com a cara para fora da janela. Era a nossa primeira viagem juntos. Sobre o porta luvas estava o mapa que iria me guiar. Eu nunca tinha saído do país antes, e aquele caminho era desconhecido. Na rádio tocava um jazz contemporâneo, uma música que eu conhecia.
Não sabia ao certo o quanto duraria a viagem, por isso estava atencioso para não passar sem perceber da pousada.
Desconhecia, mas a partir daquela noite minha viagem tomava outro rumo e o Charlie iria para o banco de trás.
Eu tinha decidido viajar meio que sem destino, comigo estava o que eu preciso ar nos meus pulmões e uma câmera fotográfica.
Era noite e ao longe pude notar as luzes da cidade mais próxima.
Ali eu passaria a noite. Dirigi-me à recepção e recolhi as chaves do apartamento 21.
Pareceu-me que por ali não passava uma pessoa há meses. O colchão meio empoeirado, a tv era antiga e com uma sintonia baixíssima se podia notar o descaso, mas estava agradável para quem havia viajado o dia inteiro e ali passaria apenas poucas horas.
Com o Charlie ao meu lado adormeci e despertei ao som do chuveiro do quarto ao lado.
Tentei ficar por ali mais um pouco, mas havia alguém que cantava umas músicas que me incomodavam bastante; sem opções levantei e fui tomar o café da manhã.
Enquanto eu colocava o Charlie sentado ao meu lado e imóvel, fui interrompido por uma voz meiga e suave que me dava Bom Dia e pedia licença para assentar-se comigo a mesa. Com a cabeça baixa ergui os olhos e fiz um sinal de aprovação. Calado como sempre fui, não por natureza, mas para evitar o falar exagerado, foi o máximo que pude fazer. Ela perguntou se incomodava que estivesse ali, afinal eu não tinha dado uma palavra.
Eu disse que não tinha problema, só estava com um pouco de sono pois havia sido acordado ao som de uma música sertaneja em uma voz muito desafinada.
Ela sorriu de maneira singela, e baixando a cabeça disse que era ela que estava cantando no quarto ao lado. Em tamanho constrangimento perdi-me nos traços dos seu rosto, nunca antes presenciei um sorriso tão lindo.
A partir dali travamos uma conversa agradável, mas como de costume eu apenas balançava a cabeça. Ela contou-me que tinha saído em uma viagem sem rumo e que pretendia parar nas três próximas pousadas. Perguntou o meu destino e eu disse que eu era um viajante sem rumo. Pretendia dar a volta no país.
Ela sugeriu que fôssemos juntos até a próxima parada.
Voltamos cada um para seu quarto, pegamos nossas malas e seguimos viagem.
Estavamos dispostos a seguir em uma viagem sem rumo com aventuras e pessoas desconhecidas. Não tínhamos nenhuma certeza naquele momento; mas decidimos seguir em frente.
O Charlie, meu companheiro para grandes aventuras passou para o banco de trás e aquela moça de cabelos vermelhos, vestido com flores e chinelo rasteiro sentou-se ao meu lado.
Começamos a conversar sobre coisas que hoje nem lembro mais; ela pegou a sua bolsa um tanto quanto gasta e retirou umas fitas; eu não tinha noção que ela possuía aquelas raridades. Músicas boas de se ouvir.
Naquele momento eu que geralmente me calo por opção com a voz meio engasgada comecei a cantar aquela canção; ela me olhou com um olhar doce, balançou a cabeça em sinal que estava gostando do que estava ouvindo e começou a cantar também.
Foi como se tudo estivesse sumindo ao meu redor, e ali apenas eu, ela e aquela canção.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Dois Mundos



Tinha tudo para ser um dia comum. Acordei disposta e fui para a caminhada matinal, com meu fone de ouvido escutava uma música qualquer. Naquele dia eu tinha decidido fazer uma trilha desconhecida, apesar de disposta eu estava cansada de trilhar o mesmo caminho, passar todos os dias pelas mesmas pedras, algumas até que me fizeram tropeçar.
Eu estava totalmente alheia, entregue a sorte e não ocultarei que tinha medo de me perder.
Algumas vezes um amigo me acompanhava na trilha, mas nesse dia ele havia tido complicações; tropeçou na pedra que sempre me alertava para não tropeçar. Eu esperaria ele voltar a boa forma, mas ele não me deixou esperá-lo; disse que eu não poderia parar minha caminhada, que ele ficaria bem; mas não me deu esperanças que caminharia comigo. Eu então segui.
Demorei, mas segui em frente. Por vezes eu insistia com ele, dizia costumeiramente que eu estaria ao seu lado e que seguraria em suas mãos, que poderia ir à frente para avisá-lo sobre a possibilidade de algum tropeço em nosso caminho; trouxe a proposta também de ir ao seu lado, segurando em suas mãos e ajudando a ultrapassar as dificuldades e dando-lhe a certeza que não deixaria que uma possível queda lhe conduzisse ao chão, mas ele não quis seguir comigo.
Depois de muito insistir ele me disse que antes de caminhar comigo já havia caminhado por aquela trilha; confessou-me como que com a voz cortante que ao seu lado havia uma promessa de segurança, tal como a minha, de proteção, cuidado e apoio. Mas não foi como ele esperou. Ele tropeçou; fez-me saber que não era a primeira vez que ele tinha complicações.
Por um tempo ele desistiu de fazer trilha, trancou-se em um mundo que ele mesmo projetou e viveu por lá até deduzir que estaria preparado para caminhar novamente.
E foi em um dia como outro qualquer que me encontrou no inicio da caminhada. Não foi algo comum, pois apesar de estar na mesma estrada iríamos para um destino distinto. Desconhecíamos, mas ao final da estrada nos encontraríamos, eram dois caminhos e uma só chegada.
E foi naquele dia que tudo começou.
A partir daquele momento começamos a caminhar juntos, sabíamos que teríamos o mesmo final, mas escolhemos andar na mesma trilha. Por vezes íamos lado a lado, outras ele caminhava à frente; dizia que queria evitar que eu tivesse algum tropeço indesejado. Outras vezes por qualquer motivo menos importante eu caminhava só. O tempo foi passando e juntos descobríamos os segredos daquele caminho.
Na manhã comum ele tinha me dito que não iria caminhar comigo. Mas pediu que eu prometesse que iria só.
Decidi seguir. Estava com medo de seguir naquela nova trilha, desconhecia os perigos daquele caminho até que avistei ao longe uma folha presa em uma árvore. Desejei parar e ler o que ali estava, mas como estava um pouco tensa em seguir. Algum tempo depois o desejo foi maior e como eu já tinha passado por lá, conhecia o caminho e voltei.
Retirei o papel da árvore e logo reconheci aquela letra; ele havia passado por ali, aquela estrada não era desconhecida para ele. Marcado na árvore estava duas letras, a primeira letra era do nome dele, mas a segunda letra eu não conhecia. Não me contive e li o que ali estava escrito. Foi então que eu descobri que foi ali que ele havia tropeçado e se machucado; ele sabia que um dia qualquer ele não estaria mais ao meu lado por motivos que ainda eu não sei, mas não quis me deixar sujeita a tropeços. Aquele era o caminho do amor. Amor desconhecido que o fez tropeçar.
No final da estrada, dizia ele, eu poderia cair também; por isso desejou me privar. Ele havia declarado ali que jamais entraria por um caminho desconhecido, que se arrependia e se sentia um menino imaturo em achar que poderia seguir por um caminho tão complicado e tão imprevisível que é o caminho do amor. Mas eu...
Eu dobrei o papel e segurei forte nas mãos, continuei a minha caminhada lamentando que não pudéssemos conhecer aquele caminho juntos e de mãos dadas.



quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Romance

ROMANCE: Isso que parece tão simplório olhado de fora, dava-lhe um senso de plenitude e poder que nunca mais conheceria. Não precisava de mais nada.
"Nem Deus pode tirar isso de mim" - pensava.
Um inocente beijo na grama que transformou-se em céu. Ainda estou transfigurada por essa intimidade. Por mais experiências que tive como mulher, o momento não se repetirá, e dificilmente se apagará, nunca mais haverá uma primeira vez, nunca mais a mesma candura de acreditar que tudo aquilo era eterno. Foram-se os amores que tive ou me tiveram: partiram num cortejo silencioso e iluminado. O tempo me ensinou a não acreditar demais na morte nem desistir da vida: cultivo alegrias numa cidade cor de laranja onde estamos eu, os sonhos idos, os velhos amores e seus segredos.
- Você me prometeu falar de amor.
- Por mim esse assunto nem teria surgido. Amar é perigoso.
- Sei disso porque já amei uma vez.
- Hoje concluí que só devemos amar aqueles que nos querem por perto. Não vale a pena viver um amor não correspondido... Você me acha muito dura, não é verdade?
- Pelo contrário. Nunca te vi tão humana quanto te vejo agora.

"Encerramos o assunto" - pensei. Agora é melhor, porque comecei a sentir as tempestades que os ventos do amor trazem consigo. O peso da ventania que bate com a força de um tapa.
Encerramos o assunto, enquanto ficamos bebendo por muito tempo, sem conversar coisas sérias. Comentamos sobre algumas casas, alguns passantes, as flores do parque, falamos do futuro, do passado e não tocamos no presente.
Até ficarmos em silêncio.

- Você está distraída.

Sim, eu estava distraída. Minha mente estava voando. Eu já estive naquele mesmo lugar com alguém que me deixou o coração em paz, com um alguém que vivi aquele mesmo momento sem o medo de perder no dia seguinte. Foi quando senti o tempo passando devagar, foi quando descobri que eu poderia ficar ali em silêncio - já que teríamos o resto da vida para conversar.

"Estamos em silêncio e isso é um sinal"

Pela primeira vez estamos em silêncio, embora eu só tenha percebido isso agora. Estamos em silêncio de verdade, não de uma forma constrangedora. Não é o silêncio do coração com medo, é um silêncio que fala e que me diz que não precisamos ficar explicando coisas um para o outro.

Eu precisava de um romance possível.
Deixei-me levar.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Jogo de Egos



- Quero falar com você
- Outra vez?
- É esse o seu problema. Você nunca quer me ouvir.
- Você sempre toca nesse tipo de assunto.
- Se você nunca evitasse falar sobre isso já tínhamos encerrado.
- É você tem razão - Disse ele com desprezo.
- Eu sempre tenho razão.
- Essa sua prepotência me causa náuseas.
- Você sabe que dia é hoje?
- É claro que eu sei.

Ela arregalou os olhos achando que ele se lembraria do dia em que se conheceram; mas sua esperança durou pouco. Logo ele respondeu:

- Hoje é segunda. Ontem foi Domingo e amanhã será terça. É óbvio meu bem - Falou em sua ironia particular.
- Impressionante! Eu já deveria ter me acostumado com isso. Você nunca se lembra de nada! Não lembra de me elogiar, de me ligar... - Ele a interrompeu.
- Hey, Hey. Vamos com calma; hoje mesmo eu te liguei - Ela o interrompeu e apontando o dedo freneticamente falou:
- Mas você não ligou para saber de mim. Aliás, é sempre assim - Engolindo seco, continuou...
Você liga para sua mãe, para seu pai, seu irmão e amigos e no fim do dia quando eu te ligo está sempre ocupado.
- Você nunca está satisfeita. Reclama se eu tenho ou não ciúmes. Na verdade - Pausou e deu com os ombros - você sempre foi exigente de mais.
- Então você acha que sou exigente só porque quero que se lembre da data em que completamos quatro anos?

Então depois da primeira lágrima, veio o silêncio. Em silêncio, ela se dirigiu ao quarto bem devagar, com pose de quem vence uma guerra. Assustado ele disse:

- Desistiu?... Não quer mais falar?

Ela deu com os ombros e falou com ar de desdém:

- Sobre o que estavámos falando memso? - Sorriu de canto de boca.

Ele pensou consigo: Só por que eu esqueci a data? Será que há algo mais?

- Minha menina, volte aqui. - Ele a chamou carinhosamente.

Ela fingiu não ouvir.

Foi nesse momento que ele se sentiu ameaçado. Pôs os óculos sobre a mesa. Percebeu que esse jogo não era só seu. E que agora o controle da situação não lhe pertencia. Pela primeira vez ela não foi previsível.
Acostumado com as lamentações e com os pedidos de desculpas, provou do gosto amargo do silêncio e da indiferença. Imaginou-se sem ela. Sem sua dedicação. Seu interesse. E suas exigências mascaradas de amor. Então fez o que não lhe era comum. Reconheceu seu medo da dependência e decidiu terminar com o jogo que ele mesmo começou.

DBS/WGF

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Bandeirolas de Coração

Seu nome era Joaquim. Morava lá nas bandas do interior do seu estado. Ele gostava muito da festa de São João. Foi numa dessas festas que ele conheceu Carminha. Moça bonita dos cabelos negros e enrolados e rosto bem desenhado. Ela morava na cidade. Distante três quilômetros de onde o rapaz morava. Ele morava na roça. Moço matuto, mas que amava livros e toda essa coisa de poesia. Amava contar estrelas, criar histórias, tocar violão e ver o sol se pôr. Costumava assisitir o jornal da noite na casa de Seu Roque e Dona Bernadete. Ele mesmo levava a bateria para ligar a TV. Lá não tinha energia elétrica, e na casa de seus pais não tinha televisão.


Joaquim e Carminha viveram um romance. Daquele que causa uma inveja terrível. Ela era moça acostumada a sair para lugares bonitos com os rapazes que tinha conhecido. Todos eles tinham dinheiro. Ele, porém, vivia com os bolsos cheios de moedas conseguidas nas feira de sábado. Joaquim amava Carminha. E Carminha amava Joaquim.

Ele costumava visitar a moça à noite. Vinha de bicicleta. Três quilômetros. A bicicleta era daquelas barra circular vermelha. Tinha uma garupa atrás. Era onde levava Carminha.

Carminha andava com um almofadinha nas mãos. Era pra não doer o bumbum na garupa da bicicleta. Os parelelepipedos eram castigantes. Ela costumava abraçar Joaquim pela cintura e quase sempre rescotava a cabeça nas suas costas e fechava os olhos enquanto ele pedalava. Quando era ladeira eles desciam. É que Joaquim não tinha toda essa força nas pernas.

Como eles conversavam! Sobre tudo que é coisa. Riam. Ficavam sérios. Faziam gestos. Se apertavam e se mordiam. Joaquim amava levar Carminha na sorveteria. E todas as vezes, no caminho, arrancava flores enquanto pedalava e na hora de partir entregava à Carminha. Era sempre assim, cheio de surpresinhas. O amor lhe proporcionava essa criatividade. Foram ao parque e ao circo quando esses estiveram na cidade. Joaquim lhe entregava bilhetes. Lia versos de sua autoria. Beijava-lhe as mãos, as orelhas, os olhos. Mexia em seus cabelos. E fazia planos para o futuro.

Carminha lhe falou de medos e receios. Da desconfiança na felicidade e da falta de esperança. Joaquim foi paciente até que ela percebesse a sinceridade do seu sentimento. Esperou até que ela se entregasse e se permitisse amá-lo integralmente.

Carminha quis conhecer a fazenda do pai de Joaquim. Joaquim a levou. Ele tinha planejado levá-la ao lugar aonde poderiam ver o pôr-d0-sol claramente. Levou também o violão para tocar uma música de sua autoria.

O dia já ia virando e Joaquim apoiou o violão nas pernas. Sentandos na grama, debaixo da mangueira, Carminha inclinava a cabeça nos ombros dele. Joaquim falou baixo:

- Presta bem atenção que eu vô cantá uma música procê.

- Viu. - Foi o que Carminha respondeu com voz baixa.

Joaquim deu o primeiro acorde enquanto o céu ia avermelhando. E cantou:

"Já sonhei nossa roda gigante esconde -esconde em você
Já avisei todo ser da noite que eu vou cuidar de você
Vou contar historias dos dias depois de amanhã
Vou guardar tuas cores, tua primeira blusa de lã

Menina vou te guardar comigo
Menina vou te guardar comigo

Teu sorriso eu vou deixar na estante para eu ter um dia melhor
Tua água eu vou buscar na fonte teu passo eu já sei de cor
Sei nosso primeiro abraço, sei nossa primeira dor
Sei tua manhã mais bonita, nossa casinha de cobertor

Menina vou te casar comigo
Menina vou te casar comigo...Vou te guardar comigo

Sou teu gesto lindo
Sou teus pés
Sou quem olha você dormindo

O Menina guardo você comigo
Menina guardo você comigo

Nosso canto será o mais bonito Mi Fá Sol Lápis de cor
Nossa pausa será o nosso grito que a natureza mostrou
A gente é tão pequeno, gigante no coração
Quando a noite traz sereno a gente dorme num só colchão

Menina vou te sonhar comigo
Menina vou te sonhar comigo

Sou teu gesto lindo
Sou teus pés
Sou quem olha você dormindo

O Menina guardo você comigo
Menina guardo você comigo" *

O sol não se pôs só aquele dia para eles dois juntos. Se existe um "pra sempre", eles viveram em garupas de bicicleta, sorveterias, flores e ruas de paralelepipedo.



*Letra - O Teatro Mágico

Nós dois


Há um tempo havia decidido deixar a porta entreaberta; deitava-me sobre o tapete das lembranças e esperava ansiosa o momento em que ele viria.Ouvi a chuva a cair sobre o chão e os passos leves a caminhar sobre a entrada de casa; ele estava chegando. Na porta, um quadro o saudava com um Bem Vindo. Os pingos da chuva sobre o seu rosto, sua respiração ofegante e sua roupa molhada denunciava que ele não havia ao menos esperado a chuva parar; demonstrou com seu beijo em meu rosto que veio correndo ao meu encontro, não queria me fazer esperar mais por ele.
Inundada de amor e sensibilidade, enxuguei o seu rosto molhado e beijei levemente os seus lábios; foi para mim o momento único. Naquele momento passava valer a pena toda espera, dedicação e fidelidade; eu sabia que um dia encontraria o meu amor.
Nas suas mãos estava uma rosa que ele havia roubado do jardim da casa ao lado; ele era um tanto quanto desligado mas não deixaria que o nosso encontro fosse sem uma flor.
Com o sorriso estampado no rosto fazia desaparecer a escuridão dos meus olhos e abria o caminho da nossa nova estrada. Sua delicadeza, amabilidade e sensibilidade atraía-me a entrega sem reservas.
Depois de tantos desencontros, ilusões e falsas esperanças eu estava sorrindo mais uma vez; sua chegada em minha vida me fazia bem.
Decidimos ficar ali deitados naquele tapete, vivendo os nossos sonhos e armazenando em nossos corações as nossas esperanças.
A partir daquele momento eu passei a conhecer o verdadeiro amor.