sábado, 13 de setembro de 2008

É de lágrima


Acordei, senti-me ridícula. Achei, tive quase certeza que tudo era real e que realmente estava do meu lado, ilude-me. Fui até o canto da sala onde havia apenas uma cama e uma gaveta velha e busquei as cartas, os poemas e as flores que me destes. Quis reviver os momentos que passamos juntos. Junto às saudades mais densas que já partilhei, não poder tocar o teu rosto era a mais excrucitante. Ter os teus braços, tocar os seus dedos, fingir que estava só conversando e te tocar era apenas o que estava ao meu alcance. O seu sorriso, sua atenção para ouvir meus devaneios, seus conselhos, as vezes que inventei desculpas só para ouvir sua voz, tudo isso meninão eram apenas meios de estar mais perto a ti e desvencilhar-me da probabilidade de um dia acordar e ver que tudo não passou de uma ilusão. Ilusão dessas que se tem quando se ama um amor impossível! Estava doendo muito, mas eu precisava reviver os nossos momentos. Procurei algumas fitas que registraram nossos momentos mais singulares. Você filmando nossos encontros; você eternizando o meu sorriso singelo, tudo aconteceu porque você segurava a minha mão. Ter você ao meu lado era ter a certeza de proteção, amor, fidelidade e felicidade.

Observava atentamente os seus dedos a tocar aquelas cordas e ouvia a sua doce voz cantando a música do nosso amor.

Eram as lembranças mais importantes que poderia ter registrado. Decidi tirar a sua foto do porta retrato que estava sobre a gaveta que guardava nossas lembranças, talvez seja mais fácil evitar-te. Você se escondeu do lado de fora do meu coração. Levantei-me, recolhi as lágrimas que deixei cair sobre a carta que me destes e entendi que a única coisa que me resta são elas. As lágrimas.

Lágrimas e talvez uma falsa esperança de ter você além da imaginação e dos sonhos.

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