sábado, 28 de março de 2009

Kill Love


Que amor que nada! Vou pegar minha Hattori Hanzo e sair por aí mutilando todo idiota que aparecer na minha frente.

Happiness is a warm gun.


Só porque eu achei a estrelinha azul que você perdeu, eu comecei a repensar no nosso amor.
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Baby, eu não seria tão bizarra quanto um filme do David Lynch, nem tão intensa quanto os filmes do Bertolucci que assistimos juntos. Como sempre, fico no meio termo.
Porque não sou feia e nem burra demais. Também não sou vermelho e nem azul. Eu sou lilás (e pessoas lilases não são bem compreendidas). Eu sou a vã tentativa de ser isso ou aquilo, o tudo ou nada, a coincidência e o planejado.
E ainda sim, sua super-capa protetora me faz alcançar o céu…
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Porque enquanto não havia medo, voávamos alto. Vôos do tamanho do nosso ego. Entrando e saindo de ruas invisíveis, achando-nos invensíveis.
Não ter medo é pensar grande, nós sabemos, mas também é pensar atropelado. Sinto um fosso entre o corpo e a alma. E o que eu chamo de precaução, receio, calma, cautela, você chama de medo.
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É medo! Medo de te perder subitamente. Medo de perder o seu cheiro, o seu gosto e o seu toque. Medo de perder as suas histórias, seus discursos repetidos, seu jeito engraçado, ranzinza… Da tua calma junto a minha.
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As vezes sinto uma vontade de gritar: Não me deixe!
Tem cabimento? Não! Eu fico no meio termo.
É que o medo estrangula a garganta.
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Você agora faz filmes, enquanto cria um filme próprio da alma. Nele você consegue me ver. Nele, você vê minha memória cheia de heranças doloridas de porfazeres, você me filma sozinha, tomando aspirina, pedindo a chuva que obrigue o sol a ir embora. Você me filma, enquanto penso em você. Seu roteiro construido sobre frases mortas.
Sabe, em um desses nossos momentos levianos eu vi claramente nossos corpos entre odores e lençóis, enquanto caíamos juntos agarrados ao travesseiro. Você me entende, e me completa. Você me beija, me abraça forte, me morde (mordidas beirando sangue), faz promessas apaixonadas e sinceras confissões.
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Você acha que penso em outro.
Miséria de vida maldita! Porque sempre isso?
Pensando nisso você masturba-se. Depois se angustia.
Eu perco a calma.
Você quebra cascos de coca-cola na cozinha.
E nós aumentamos o volume, enquanto gritamos por cima da voz de Patti Smith.
Você me tira pra dançar.
Serão? Será? Fazer o quê?
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Nosso dia é filmado assim: nossas tardes passam calmas, denunciando o quanto a noite vai ser extensa.
Você se perde. Eu não passo do ponto.
Baby, eu só sou tragicamente dividida. Mas te aviso: você possui um lado meu, o meu melhor lado!
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Só porque colei na palma da minha mão a estrelinha azul que você esqueceu, nosso amor deixou de ser mero pensamento.
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It’s not a declaration, I just let you know.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Amargo



Geralmente quando a chuva cai existe um atrevimento talvez natural de recordar-se dos momentos bons da vida e na maioria das vezes esses momentos são sempre a dois. Lembramos do primeiro olhar, do primeiro beijo e até da primeira briguinha de casal. Recordamos-nos de quando andávamos de braços dados entre as folhas do outono, do chocolate quente após tomar aquele banho de chuva. É sempre assim! Quando estamos envolvidos emocionalmente nos iludimos com o para sempre, escondemos os defeitos e exaltamos as qualidades de quem amamos na tentativa de deixar doce o que é amargo. Perdemos-nos em meio ao labirinto de tristeza e tentamos desvendar o enigma do sofrimento, principalmente do nosso sofrimento. Mas mesmo assim reconhecemos que é difícil abandonar quem amamos, mesmo tendo mil motivos para não se permitir, sempre encontramos outros mil motivos para tentar novamente acreditando na ilusão da felicidade perpétua. Somos envenenados novamente pelas fantasias e falsas esperanças. O olhar que era doce, as palavras que era amáveis tudo isso se perde com o tempo. Existe uma auto-indagação sobre as promessas de amor, sobre as palavras de romance, sobre os beijos e abraços; então entendo que quando estou envolvida não estou apaixonada, estou perdida, porque na verdade não existe amor, existe a ilusão de amar.

sábado, 21 de março de 2009

Confesso




Meu coração estava fechado para qualquer fantasia. Principalmente as fantasias que o amor cria quando estamos apaixonados. Eu havia decidido não me envolver e o fiz por muitos anos.
Vivia uma vida "normal". Trabalhava, estudava e fazia atividades físicas.
Caminhava sem me prender a nenhum detalhe de cor, pessoas, flores. As vezes parava e agachada alisava a cabeça do cachorro que estava por perto; outras vezes me encantava com o sorriso ingênuo da criança no parque. Mas nada de fato prendia a minha atenção. Eu escolhi que fosse assim.
Lembro-me uma vez de ter ido a uma festa de crianças tinha muitos balões coloridos , doces e brinquedos por todo o salão, desejei que a vida terminasse ali entre a inocência e a esperança; mas não foi assim. Eu me sentia confortável nesse meu mundo até que você chegou!
Eu me lembro da primeira vez que eu te vi; não acreditei que em uma pessoa apenas poderia estar tanta beleza. Os seus olhos meigos espalhando mel, seu sorriso doce, sua pele macia. Você caminhava como se fosse o único naquela rua, na verdade eu lhe fazia o único naquele momento. Depois de muitos anos, pela primeira vez eu me senti atraída por algo desconhecido.
Eu percebia os seus passos, fazia torcida para que você voltasse a passar. Marquei em minha agenda todos os dias que eu te vi juntamente com os horários e sobre as linhas derramava a cena que eu desejei tanto ver, mas o que eu não sabia era o que estava sendo escrito nas entrelinhas.
Senti-me uma boba, só quem me conhecia percebia o meu sorriso desabrochar quando eu te avistava, mas todos desconheciam o motivo pelo qual meu sorriso aparecia.
Você se tornou um vício bom, um costume agradável. Sem que você me soubesse sabia seus horários e seus caminhos e de longe te percebia.
Faltava em mim coragem de falar o meu nome e também o meu interesse e admiração por você.
Eu achei que todas as outras garotas também fazia o mesmo e isso de certa forma me inibia; mas um dia eu decidi saber de você.
Perguntei o seu nome ao motorista do ônibus das 15:00 e não acreditei quando ele disse que você morava umas quadras após a minha. Essas informações despertaram em mim algo que posso chamar de um surto bom e eu fui à sua procura.
Aos poucos fui ficando sem saída, perdi as linhas e lá estava falando com você ao telefone.
A sua voz ainda está aqui dentro de mim e seu sorriso como um sorriso tímido e vergonhoso me encantou. Mas a melhor parte foi quando você pediu meu telefone, eu cheguei a dizer que finalmente o dia chegou e revelei que esperava ansiosamente por esse momento. Você sorriu e novamente despejou encanto.
Começamos a nos revelar; nome, idade, atividades, gosto e acabamos descobrindo que temos muito em comum. Desejei tocar a tua face e beijar-te suavemente os olhos. Agora espero ansiosamente ver-te e conto os dias através das rosas que tenho plantado para colher e entregar para você, e confesso que nunca vi um Domingo demorar tanto de chegar!