domingo, 30 de novembro de 2008

101 coisas sobre mim




A idéia da lista de 101 coisas sobre mim não é de minha autoria. Vi no blogger Inegociável que o fez indicada por outro blogger chamado de Líricas.



01. Eu não gosto de falar sobre mim para todos.
02. Eu abro exceções.
03. Chamo-me Débora e tenho 23 anos.
04. Sou estudante do curso de Direito.
05. Nascida em Pojuca-BA mas criada em Salvador-BA.
06. Já passei por Minas Gerais, Rio de Janeiro e Recife.
07. Sou a caçula de 04 e a única solteira da família.
08. Já tive mais comunidades no orkut do que amigos.
09. Hoje não utilizo mais o orkut para manter contato com amigos, apenas para participar de comunidades que acho interessante.
10. Tenho msn há 05 anos e nele tenho apenas 52 contatos.
11. Eu sou uma pessoa sociável.
12. Já tive mais "amigos virtuais do que reais".
13. Meu melhor amigo apesar de ser praticamente meu vizinho conheci em uma comunidade.
14. Sou cristã apesar da Igreja.
15. Não gosto de show.
16. Tenho dificuldades com músicas evangélicas.
17. Tenho facilidade para com nomes e datas.
18. Já chorei e já sorri.
19. Nunca traí.
20. Nunca namorei.
21. Entendeu?
22. Já fiquei 1:15 utilizando o celular e gastei 82,00 na ligação.
23. Ao desligar, lamentei.
24. Mas não voltaria atrás.
25. Já tive 03 óculos com grau.
26. Gosto de ler.
27. Ouço Los Hermanos.
28. Gosto de Hillsong
29. Não sou boa com as palavras.
30. Sou paciente.
31. Pretendo manter minhas coleções de filmes em dvd.
32. Deixo o celular no silencioso para não ter que atender todas as pessoas.
33. O ano que mais curti foi a 8ª série.
34. Desisti de tirar a carteira de motorista.
35. Como em 2009 os preços irão subir, voltei de onde parei.
36. Gosto de cantar.
37. Não sei cantar.
38. Fui uma criança "equilibrada".
39. Nunca tive suspensão da escola.
40. Mas já aprontei muito por lá.
41. Não gosto de ser explorada.
42. Não gosto de filmes de terror.
43. Já assumi uma culpa que não era minha para acabar de vez com um mal entendido.
44. Já gastei dinheiro com besteira.
45. Gosto de vinho
46. Já fumei cigarro.
47. Fumar cigarro não tem graça.
48. Já fingi que estava dormindo para assustar alguém.
49. Já pensei em me matar.
50. Nunca morri em minha vida.
51. E eu sei que se eu morrer minha mãe me mata.
52. Já comprei e não paguei.
53. Já vi sites para maiores de 18 anos.
54. Fiz isso após os 18.
55. Jogo futebol dia de terça às 18:00 e dia de domingo às 9:00.
56. Não sei dançar.
57. Não gosto de correr nem de pular.
58. Sou uma pessoa densa
59. Fiz um segundo furo na orelha mas deixei fechar.
60. Farei uma tatuagem em breve.
61. Já fui uma pessoa ativa na Igreja.
62. Já doei meu relógio em um apelo e me arrependi segundos depois.
63. Tenho 04 sobrinhas.
64. Queria ter um sobrinho.
65. Tenho um allstar
66. Sou uma pessoa amigável.
67. Gosto de tirar fotos.
68. Não sei tirar fotos.
69. Não gosto de sair nas fotos.
70. Sempre esqueço o celular em algum balcão de qualquer estabelecimento.
71. Já fui há 13 sepultamentos.
72. Já sepultei o amor da minha vida.
73. Não atraio pessoas que gostam de dar presentes.
74. Mas já recebi um presente muito útil de um amigo que passou fome para poder comprá-lo.
75. Gosto de dormir apesar de acordar cedo.
76. Prefiro ficar em casa a ir à praça.
77. Gosto de Idosos
78. Queria ser defensora pública, mas acho que não conseguiria defender um assassino, pedófilo ou alguém que tenha cometido algum crime.
79. Diante disso, pretendo apenas advogar, lecionar e talvez ser delegada.
80. Perco muito tempo pensando no que geralmente não vou fazer.
81. Gosto de ver as pessoas felizes.
82. Mesmo quando estou muito irritada não consigo ofender as pessoas.
83. Quando estou muito irritada falo palavrão.
84. Sou humana.
85. Ainda quero viajar para Portugal.
86. Não sei falar Inglês, mas tenho noções rápidas de Espanhol.
87. Já tive 360 doláres.
88. Quase nunca gosto ou compro algo que esteja na moda.
89. Não tenho estilo próprio, pois não tenho estilo.
90. Já fui menos vaidosa.
91. Já fui muito fechada para qualquer tipo de relacionamento.
92. Geralmente as coisas nunca parecem ser o que de fato são.
93. Já tive ciúmes.
94. Já vomitei dormindo e quando acordei e percebi, vomitei novamente.
95. Já chorei quando me despedi de 03 amigos.
96. Sempre fico na fossa no dia do meu aniversário.
97. Já usei aparelho ortodôntico.
98. Já caí de várias árvores.
99. Não tenho como prática a bajulação.
100. Títulos para mim não servem para nada.
101. Beijos, não me liga!

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Inelutável






Atrás dos óculos se escondiam os olhos mais lindos, não pude resistir ao encanto que emanava do sorriso tão meigo e doce; ele pareceu-me um tanto quanto desconcertado, não sei ao certo, mas eu estava gostando de vê-lo assim, sem eira nem beira.
Ouvimos a música que toca na primavera, o sol estava se escondendo, o tempo parou e a saudade que jazia dentro do peito começou a desvencilhar-se.
Por ironia do destino, estávamos no mesmo lugar que nos conhecemos, desajeitada como sou, tropecei e por sorte esbarrei nos ombros mais fortes que me impediu de estar no chão.
Quisera eu tombar algumas vezes e tê-lo para amparar-me e deixar-me em seus braços seguros.

Nas mãos ele segurava a flor que logo colocaria em meus cabelos, sua barba por fazer atraia-me para acariciar sua alva face, pele macia;
eu não sabia, mas estava para receber o beijo mais doce que eu conheci.

Sorrimos, fizemos caras e bocas, desejei que o tempo parasse, escolhemos a nossa música predileta e cantamos juntos para todos ouvirem.

O tempo não podia parar, porque logo ele tomaria o trem que o levaria, mas de alguma forma ele estaria sempre ali, dentro de mim.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Amor n#28.

Agora é sangrar até morrer.
Amor,
Te escrever é sempre complicado porque nunca sei como começar. Sempre que começo um história penso exatamente em como ela termina, mas nunca como ela começa. Quando sentei pra te escrever mais uma carta, já sabia como eu ia terminá-la, sem saber como começar.
Sinto sua falta. Hoje foi um dia difícil, na verdade tenho tido dias difíceis desde que você me deixou, mas hoje foi um grauzinho acima. Durante esses dias tive a clara visão de que eu estava sufocando, num quarto escuro, sem janelas, sem ar e com um par headphone no ouvido. Sinto que deixei a minha naturalidade e a minha auto-estima com você desde a última vez em que nos encontramos. Sinto que não sei mais conversar. Sinto que não gosto das pessoas. Ás vezes elas são duras demais. Tão duras quanto você tem sido comigo, amor.
Hoje me peguei amargurada e triste, e há muito tempo não tenho me dado ao luxo de sonhar com o dia em que seremos felizes. A minha capacidade de amar foi proibida por você. Hoje, só peço a sua necessária presença. Que você me diga palavras bonitas, pra que essa sólida parede que se formou entre nós, passe a ser líquida e então, possamos novamente solidificá-la de uma outra forma. Eu tenho tentado. Álias tenho tentado de tudo, mas eu só consigo com você.
Tenho medo do que pode acontecer com a gente com o passar do tempo. Tenho medo do teu silêncio, tenho medo da minha falta de jeito com você.
A vida não é tão dura quanto parece, eu sei. Mas eu só sei o que é vida quando, em raros momentos, você baixa a guarda e carinhosamente faz com que eu me sinta viva.
Hoje percebi que a minha auto-estima foi minada aos poucos, porque eu sempre ouvi o quanto eu sou fraca, boba e infantil. Eu consigo disfarçar bem, sei rir, sei fazer os outros rirem... Mas a verdade é que sinto medo a cada ambiente novo.
Eu não queria te pedir mais nada. Sempre acho que peço mais do que você pode me dar. Eu só quero que você saiba o que eu sinto, pra que, então você possa tomar a decisão mais adequada pra nós dois. Eu preciso de você nesse momento. Não como homem, mas como o meu porto-seguro, o meu lar, o meu equilibrio.
Talvez seja tarde demais. Sinto que não existe mais tempo, a vida nunca dá tempo, como você sempre diz. Esses poucos minutos que me restam quero dividi-los com você, e com a certeza de que eu ainda significo algo pra você.
Sinto não terminar essa carta como você sempre termina, com um suave "até logo", é como se pudessemos ser felizes amanhã. O meu "au revouir" de hoje vai para a vida e toda a sua insignificância.
Eu vou morrer. Todo mundo morre um dia.
Agora é sangrar até morrer.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Raízes




É o dia em que minha câmera fotográfica sai do guarda-roupas e as pilhas caminham voluntariamente para a tomada. Novas fotos, poses, cenários e inspirações. Criatividade.
Novas cordas no meu violão, novas cifras, outras canções. Um dedilhado e uma batida diferente. Outros tons. Vizinhos como espectadores. Moedas no meu chapéu imaginário. Banquinho novo da próxima vez, quem sabe? Aplausos não fazem parte desse show, apenas os rostos desejando um pouco mais. Voltei!
Um filme na TV da sala. Cinema na quarta à tarde. Entradas colecionadas na caixinha do ármario. Qual é o próximo lançamento? Pipoca e milk-shake, sanduíche e suco de laranja.
Show gratuito no parque da cidade. Domingo de manhã. Sol que arde meu juízo. Quanta fome!
Los Hermanos no rádio. Luzes apagadas a noite. Eu, o chuveiro e minha platéia. Conversas em esquinas, em apartamentos, em pontos de ônibus, no pátio do meu prédio. Bilhetes à mão presos em clipes coloridos. Horas no telefone. Horas rindo. Horas chorando. Horas dormindo. Horas lendo.
Pode chover ou fazer sol. Hoje vou sair pelado e caminhar duas milhas. Se você for comigo prometo caminhar o dobro... e algumas dúzias de risos e fotografias.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Que a Morte os Separe


É final de tarde, sexta-feira, e chove. As árvores estão encharcadas e a estradinha de barro acumula enormes poças d'água capazes de afundar um pé por inteiro. O dia se vestiu como todos nós aqui; preto-cinza, em memória desse dia. Como nós, as nuvens derramam suas águas em gotas finas e penetrantes. Nada mais natural. Sobram cumprimentos, abraços, lamentações e pêsames. O reverendo se retira com sua família em um bonito carro preto após seu lindo sermão fúnebre e se despede acenando com seu chapéu. Outros vão a pé e cabisbaixos, sussurrando entre si. As crianças brincam nas poças e balançam os galhos das árvores.


Eu decidi ficar, eu e minhas lembranças. Me pergunto como posso superar essa perda. Perder você assim, depois de te ter durante anos ao meu lado vencendo todas as nossas desavenças e intrigas com o fôlego da nossa paixão. Vivemos a vida que sempre quisemos, sem muitas intervenções alheias, livres. O encanto do nosso romance não se foi com o tempo, como esperavam. Era diferente! O meu carinho por você não diminuía, a minha paciência não se esgotava, o meu zelo por você ardia incessantemente. Todas as manhãs você alimentava essa chama, diligentemente. Mais que uma esposa, você era amiga e companheira. Conversávamos por horas a fio, ríamos tanto a ponto de cansar os músculos. Coisas tão triviais tinham um valor tão grande com você.


Vencemos as críticas feitas por causa da nossa diferença de idade, nossa personalidade, nosso modo de vestir.


Com meus 85 anos, apoiado sobre uma bengala, vestindo um terno preto e uma camisa branca, fiz questão de calçar o meu all-star. Fiz para lembrar das nossas aventuras, dos nossos gostos tão parecidos. Ainda me recordo do dia em que você foi à faculdade me visitar. Terça-feira, 18 de Novembro de 1990. Em minha mente, é como se fosse hoje. Era fim de semestre e eu só teria uma aula durante o dia, das 15 as 17. Enquanto eu ia em casa almoçar você me ligou dizendo que iria me ver. Eu me assustei, e pensei instantaneamente que você não seria capaz de encontrar o lugar. Mas você sempre foi assim, determinada, impulsiva, cabeça-dura e esperta.


Eu tratei de lhe dar todas as coordenadas possíveis por mensagens no celular. O andar da faculdade, o departamento, o numero de portas que você deveria contar e a programação do horário. Como todas as outras vezes, eu estava ansioso. Não era a primeira vez que iria te ver, mas essa reação era inevitável, costumeira e agradável.


Já eram 17:30, e você não tinha chegado ainda. Decidi sair e até o pátio. Mas foi ao sair pela porta que dá no corredor da Universidade que, por coincidência, você vinha chegando. Você e aquele vestido laranja - meio hippie - sandálias rasteiras de couro, uma bolsa pendurada nos ombros e os cabelos enrolados presos por uma piranha transparente. Você estava suando, ofegante, segurando uma garrafa de água mineral nas mãos. Me contou o quanto tinha andado para chegar até ali porque, simplesmente, soltou no ponto errado e teve que andar cerca de dois quilômetros até me encontrar.


Eu te mostrei o banheiro e você foi retocar o brilho nos lábios e pôr um pouco daquele óleo de pimenta próximo ao pescoço.


Você sentou comigo no banco da universidade e me mostrou um livro que tinha pego na biblioteca, "Mistérios do Coração". Achei o título apelativo, mas não te falei nada. Então você me encorajou a ler alguns trechos. Comecei. Lia como um locutor, pausadamente e de forma empolgante. Voce recostou docemente em meu ombro e fechou os olhos, de pernas bem juntas apoiadas sobre o banquinho. Meu peito arfava. O escritor do livro falava de mim como ninguém tinha falado antes, e você sabia disso. No livro era a nossa história escrita por outrem. Nossos medos e receios, pensamentos e sentimentos. Li três capítulos inteiros, interrompido por beijos e carícias suas. Irresistíveis.


Parei de ler, e me dediquei a te olhar e te elogiar ininterruptamente. Nos abraçamos por longos minutos, um abraço de agradecimento, de despedida, de desejo, de carinho. Não sei bem dizer. Mas ficamos ali, por um bom tempo.


Decidimos partir e esperar o ônibus, e brincamos de escolher o que iríamos pegar. Esperamos durante duas horas, e sua mãe já tinha ligado preocupada perguntando onde você estava às nove da noite. Antes de você descer, confessei que a saudade só esperava você sair do alcance dos meu olhos para poder me acompanhar. Nunca quis de contar, mas no outro dia fui com a mesma camisa para a faculdade. Ela exalava você. Eu cheirava o colarinho, os ombros sem parar. Fechava os olhos enquanto o fazia, então voce aproveitava e aparecia na minha mente sorrindo seu sorriso perfeito.


Quero apenas ser tocado pela chuva enquanto vejo as flores sobre o local de repouso da sua carne. Eu sempre lhe disse que era forte e dificilmente chorava, queria agora que você pudesse ver minhas lágrimas, enxugá-las com seus dedos únicos e me beijar antes de partir novamente.


Tenho apenas duas certezas. Da morte. E do amor que sentir por você, somente por você.



terça-feira, 18 de novembro de 2008

Gostoso Demais







Ela

Que os seus braços me cubram de amor e seus lábios de beijos.
Você é tão formoso, meu querido! Você é muito encantador!
Entre muitos homens você é o mais desejado.

Ele

Como você me dá prazer minha querida
Seus beijos são como o sabor das frutas doces e saborosas.
Você é tão graciosa como uma flor.
Você é a mais bela das mulheres.
Podem existir muitas outras, mas você é a mais linda dentre as milhares.
Como são perfeitas as tuas carícias, como é gostoso o seu jeito de amar.


Ela


É doce beijar-te os lábios amado, como é perfeito o teu amor.
Não desvie de mim o teu olhar, o teu amor é o mais lindo e o mais fiel.
Agradabilíssima é a sua presença.
Fazer-me-ei sua eternamente.


Ele

Você me despertou o amor, estou seguro em teus braços.
Suas mãos são perfeitas e suas curvas me pertubam.
É doce beijar a sua boca e tudo em ti me agrada.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

As surpresas do coração





-Você tem noção de quanto eu valorizo o fato de você me querer?
Assim ele começou o dia ao telefone.
Eu não esperava que tão cedo pela manhã ele estivesse me ligando; confessou-me que não conseguiu dormir após a minha partida. Disse que por vezes na madrugada foi surpreendido gritando o meu nome e pedindo para que eu ficasse.

Depois de uma longa viagem de avião regada por lágrimas cheguei ao meu destino. Era manhã de primavera e a brisa era fria. Após recolher as minhas bagagens dirigi-me a saída do aeroporto e pedi um táxi. Foi maravilhoso pisar os meus pés naquele solo que tanto desejei estar. O taxista muito cordial e gentil e com um sotaque bastante forte perguntou: Moça, para onde vais? Ponha o teu objecto sobre o carro enquanto eu carrego as tuas malas.
Sentei no banco de couro do táxi branco com listras verde e vermelho de placa KDG 2101.
Ainda com o rosto cansado e abatido tentei esquecer o que me havia ocorrido nas duas noites anteriores aquela linda manhã de sol e brisa fria.
Peguei o envelope dentro da bolsa e fiz saber ao taxista cordial e gentil o meu destino.
Para surpresa minha ele disse-me que não poderia deixar-me na Universidade; comunicou-me que eu teria que ir de trem. Agradeci sua disponibilidade e lhe paguei uma nota de 20 Euros.
Chegando na estação comprei umas fichas e liguei para minha família comunicando que a viagem ocorreu em paz e que eu já estava em solo Português. Procurei o guichê e nas mãos de um moço branco de olhos claros deixei uma nota de 10 Euros.
Peguei o trem, sentei-me junto a janela e ali coloquei-me a olhar a paisagem verde e repleta de flores coloridas. Em um espaço de tempo de 1:30 o trem chegou a estação e eu pude ir caminhando até a Universidade. Cheguei me apresentei e logo me entregaram as chaves do meu quarto.
Subi as escadas cheia de malas e bolsas, meu travesseiro debaixo do braço esquerdo e meu urso de pelúcia carregado pelas orelhas na mão direita. Cheguei ao corredor F e finalmente encontrei a porta com o meu nome.
Não reparei na decoração, não fui ver como era o toilet, apenas sentei-me na cama com lençóis lisos e bem perfumados e agachada retirei o porta retrato que estava na mala azul. Olhei para o lado e vi uma mesinha onde deixei o porta retrato. Coloquei o meu corpo sobre a cama e despertei naquela manhã com o telefone a tocar.
Até agora eu não sei como ele havia conseguido o telefone do meu quarto na Universidade, mas do outro lado da linha estava o meu grande amor.
Não acreditei quando ouvi a sua voz doce. Na verdade foi difícil reconhecer, pois estava trêmula e a ligação não estava das melhores. Mas eu pude ouvir com toda a clareza as palavras que ele me disse.
Primeiro ele pediu que eu não o interrompesse e disse-me que estava arrependido de ter-me deixado partir. Confessou-me que não havia dormido e que por vezes na madrugada despertava falando o meu nome.
- É, aquele beijo... Ele... Não...Não... Ele não me saí dos lábios! Não consigo para de pensar que você foi embora e que agora não posso mais recostar minha cabeça sobre seu colo e... e....
Você partiu há 02 dias e eu sinto saudade do seu perfume, da sua voz, do seu cuidado, das suas ligações. Eu... eu me arrependo. Não devia ter permitido que partisse. Deveria ter pedido que ficasse. Deveria ter acreditado no que eu sinto. Mas é que... é que... eu fiquei confuso!
Eu nunca fui de muitos amores não consegui então compreender a importância que você tinha para mim e agora que estás tão distante não sabes o quanto eu valorizo o fato de você me querer.
Eu errei. Deveria ser mais decidido, ter fé e ver coragem no amor. Mas eu me tranquei no meu mundo e não me permitir ser feliz. Achei que aceitar o seu amor fosse estragar a nossa amizade, achei que não poderia dar certo nós dois.

- Ei, moço.
- Não, não, por favor, deixe-me falar tudo que eu sinto.
O meu coração chora e geme por saber que você não estará às 7:05 da manhã esperando a condução; não me conformo com o fato de não receber suas ligações para saber como eu estou. E eu que... eu que... que por vezes não retribuía sua atenção, seu carinho, sua preocupação. Mas eu descobri que eu te amava sim do meu jeito, mas eu te amava. Mesmo que eu não soubesse como demonstrar ou tivesse medo eu te queria, te desejava.
Rompia dias e dias querendo tocar-te, beijar-te e te convidar para ser minha, mas eu não conseguia sair do palco das imaginações e partir para a novela da vida real.
E agora eu sinto o seu perfume toda vez que o vento sopra, ouço a sua voz e ando pelas ruas querendo te encontrar. Chego a correr para ver se não é você que está pegando a condução e sento-me na praça para esperar-te. Mas você não aparece você não vem.
Meu amor, sim, meu amor. Sei que poderia ter te chamado assim antes, mas agora eu choro a sua partida e não me conformo com sua ausência diária no meu paladar. Queria poder voltar atrás e te pedir para ficar. Melhor meu amor, queria ter voltado atrás nos primeiros dias em que senti que poderia ser seu e permitir nosso romance.
Sabe, ontem quando eu arrumava meu material vi a sua foto cair de dentro do livro que me destes; chorei, e ali sobre a foto deixei minhas lágrimas e a marca do meu beijo. Abracei a foto e dormi sobre ela. De repente eu me vi ao seu lado em um lindo lugar, você vestia uma bermuda xadrez e uma blusa branca e me olhava com ternura e amor. Mas você foi ficando distante, distante e balbuciando dizia levemente: eu te amo , eu te amo...
Então acordei e decidi correr em busca da felicidade, em busca do amor, em busca de você.
Espero não ter chegado tarde para te dizer que você é o amor que eu quero para a vida inteira. Volta, deixe-me te amar e ser seu. Deixe-me te ter e te fazer minha.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Dos Sabores






Há 02 anos eu solicitei uma bolsa de estudos em Portugal, já tinha até perdido as esperanças quando em uma manhã quente de sexta feira recebi um envelope com o selo da universidade de Coimbra.
Sorri e pulei desesperadamente. Finalmente meu pedido foi atendido e eu realizaria o meu sonho de estudar Direito em uma universidade de tamanho conceito como a de Coimbra.
Peguei o telefone e logo liguei para minha mãe contei a notícia; eu não sabia se sorria ou se chorava. Uma alegria imensa tomou conta de mim.
Interrompi a leitura do código civil e o leite que estava tomando e comecei a sonhar a realidade que agora me esperava.
Imaginei-me comprando a passagem, tomando o avião, pousando em Coimbra.
Ouvi os meus passos pelos corredores procurando a sala do curso de Direito.
Mas o que mais me traria lágrimas eu desconhecia naquele momento.
Quando eu solicitei a bolsa há 02 anos atrás, a minha vida era simples, sem amor e sem emoção. Nada para mim tinha tanto valor que pudesse me impedir de viver uma experiência fora do meu berço.
Eu poderia voar livremente, nada temendo.
Quando a carta chegou muita coisa tinha mudado. Há 01 ano eu tinha descoberto o que é viver quando em um lugar informal eu encontrei o rapaz que para sempre estaria comigo, pelo menos dentro do meu coração.
Nosso destino não estava traçado, mas a vida me ofereceu a oportunidade de amá-lo e eu não pensei duas vezes e aceitei o convite.
Ele é o amor que eu levaria por toda vida. Mesmo depois de casada com um outro homem, mesmo após 50 anos eu me lembraria dele.
Lembraria dele todos os dias, pois ele era o amor que eu escolhi para mim.
E agora eu tinha que decidir ir e viver meu sonho e deixar o meu amor aqui.
Fiquei a pensar que se talvez ele soubesse logo que fui aceita me pediria em casamento e iria junto comigo.
Gostaria que essa possibilidade fosse real.
Talvez ele descobrisse que me ama e temesse que eu fosse e quando voltasse depois de 5 anos não teríamos mais tempo para viver o nosso amor.
Mas todas essas possibilidades eram frutos da ilusão de uma garota que ama. Nenhuma delas poderia acontecer porque ele era o meu amor e não eu era o amor dele.
Então eu teria que partir e perderia a oportunidade de vê-lo todos os dias no ponto de ônibus, não teria mais o prazer de ir ao cinema ou até mesmo tê-lo por perto para um almoço e filmes.
Eu tinha que dar a resposta em duas semanas e sofria a cada minuto que se passava.
Decidi então me abrir para o meu rapaz.
Contei tudo o que aconteceu e em tamanha agonia confessei que ainda o amava e que não saberia como seria viver sem poder estar ao seu lado.
Falei abertamente sobre os meus sentimentos e pedi que ele me deixasse partir nessa viagem conhecendo o gosto do seu beijo.
Beijo que por vezes desejei receber, beijo que intencionei roubar mais o bom comportamento privaram-me.
Pedi a ele que não me interrompesse e comecei a expor ali tudo o que eu sentia.
Eu sabia que eu poderia ser sempre dele. Eu sonhava em acordar ao seu lado todos os dias. Desejava abraçá-lo todas as manhãs após fazer o seu café da manhã e beijá-lo na garagem.
Mesmo depois que decidimos não mais tocar no assunto eu ainda me pegava por várias vezes pensando como poderia ser a emoção de ser amada por ele.
Ele que estava presente em todos os momentos. Através das canções, do canto dos pássaros, dos filmes que eu via na tv. Eu não tinha prazer em viver outra história se ele não fizesse parte.
Por anos estive só, guardando-me para o amor da minha vida e depois que eu o conheci eu sentia que ele seria esse amor.
O tempo passou e eu não estava preparada para amar um outro alguém. Ele era o meu último romance.
Ali na cafeteria da cidade onde nós marcamos o nosso primeiro encontro eu contei em minúcias tudo o que eu estava sentido.
Eu sentia-me envergonhada, afinal, eu sabia a razão pela qual eu havia marcado aquele encontro.
Eu queria beijá-lo e carregar em minha memória e conservar nos meus lábios aquele nosso momento.
Sabia que após o beijo não conseguiria olhar nos olhos dele. Eu estaria imersa em tamanha felicidade.
Após ter confessado a ele tudo o que me ocorria me senti mais leve, sensação de dever cumprido. Porém ele não tinha dado até então nenhuma palavra, não expressava nenhum sentimento.
Diante de tamanha inércia eu senti-me constrangida e levantei, pedi desculpas e saí da cafeteria caminhando em direção ao parque.
Foi difícil aquele momento, talvez tivesse sido melhor partir sem contar-lhe nada.
Caminhei a longos passos sem olhar para trás até que sentei no banco que fica em frente ao chafariz onde algumas pessoas jogam moedas para realizarem seus desejos.
Coloquei a mão no bolso do sobretudo marrom e tirei uma moeda e como todos os que estavam ali, lancei nas águas.
Ainda sentada, senti uma mão sobre os meus ombros, levantei e olhei, quando fui pronunciar-me ele colocou o seu dedo indicado em meus lábios me impedindo de falar e me beijou.
Foi como se todos ficassem imóveis e ali naquela praça só estivesse eu e ele.
Ele começou a me falar dos seus medos e de sua vontade de também viver o nosso amor.
Sem muito que falar, pegou em minhas mãos e me convidou a caminhar.
10 dias depois o meu avião partiria e eu estaria deixando o homem que eu escolhi para ser meu eterno amante.
Eu o havia escolhido para entregar algo que eu guardava de mais precioso.
Eu poderia conhecer outros garotos, mas depois dele nada seria igual. Ele não foi mais um amor e romance, ele foi o meu amor com o qual eu vivi o meu último romance.