Em suas viagens noturnas de ônibus coletivo, Telma vislumbra o horizonte. Sabe em seu íntimo que, em um mundo onde se costuma focar o próprio umbigo, olhar para o céu constitui-se um dom. Contempla as poucas estrelas que, ousadas, romperam a grande espessura de gases poluentes. Seus pensamentos são quase audíveis aos ouvidos alheios.
Ela pensa alto.
Pensa no que considera volúpia aos seus olhos. Julga-se bem-aventurada por apegar-se pouco às pessoas. Também por saber ser diplomática, carismática e simpática com os que a cercam. É sempre desconfiada, vê segundas e terceiras intenções onde, muitas vezes, não há. Todavia essas atitudes não lhe furtam a felicidade. Sente-se menos responsável pelos sentimentos alheios.
Dona de um perfeccionismo absurdo. Amante de coisas velhas. Vive preocupada com seus afazeres, por vezes demora a pegar no sono. Sempre observa atentamente as pessoas, em questão de minutos consegue propôr uma definição para o ser observado. Unhas, dentes, cabelso, mãos, pés, palavras, traços. Nada foge dos seus olhos. Sempre que possível a ironia está presente em suas palavras.
A vida de Telma é sempre segredo aos olhos das suas colegas. Ao falar de si oculta fatos. Ouve atentamente pedido de conselhos, histórias e rotinas alheias. Mas não ouse lhe perguntar o que ela tem feito, ela lhe responderá com a frase mais curta possível, senão com o silêncio. A sinceridade nunca se ausenta, sabe usar do eufemismo e da “grosseria” em tempos oportunos.
Não pense você que Telma é infeliz, repito. Eu a vejo sempre recostar a cabeça na janela do ônibus e sorri. Pensa na sua família, e em alguns amigos sinceros que tem.
Em meio a esses pensamentos deixou escapar que não foi assim a vida toda, mas que mudou por opção, decidiu ser melhor agir desse modo. Encontrou prazer.
Telma projetava mudanças em sua forma de agir, mas percebeu que eu conseguia ouvir os sussurros dos seus pensamentos. Calou-se prontamente.
Ela me tentou a tornar-me seu amigo e acompanhar cada passo para novas “volúpias”. Prometi a mim mesmo não julgar, sem sua permissão, suas atitudes.
Seres humanos e suas mudanças, vim assisti-los.
4 xícaras:
"Ela me tentou a tornar-me seu amigo e acompanhar cada passo para novas “volúpias”. Prometi a mim mesmo não julgar, sem sua permissão, suas atitudes."
É legal esse lance de construir uma relação de amizade e lidar com as diferenças. Biblicamente, o ato de julgar em sua essência não seria um problema, porque isso implica lidar com o senso crítico e o discernimento espiritual. Mas quando esse julgar passa a ser pejorativo, o tal do "apontar dedos", aí sim é um tremendo vacilo, que pode colocar uma amizade por água abaixo.
Mas o engraçado é uma coisa: teve vezes em que você descreveu a moça, e nessa descrição havia traços seus, maloy. Hehehehe!
Abração, fiote!
telma = talita
eu achei.
/lixa
muito eu... se não era a intenção, valeu a pena decifrar.
"Pensa no que considera volúpia aos seus olhos. Julga-se bem-aventurada por apegar-se pouco às pessoas. Também por saber ser diplomática, carismática e simpática com os que a cercam. É sempre desconfiada, vê segundas e terceiras intenções onde, muitas vezes, não há. Todavia essas atitudes não lhe furtam a felicidade. Sente-se menos responsável pelos sentimentos alheios.
Dona de um perfeccionismo absurdo. Amante de coisas velhas. Vive preocupada com seus afazeres, por vezes demora a pegar no sono. Sempre observa atentamente as pessoas, em questão de minutos consegue propôr uma definição para o ser observado. Unhas, dentes, cabelso, mãos, pés, palavras, traços. Nada foge dos seus olhos. Sempre que possível a ironia está presente em suas palavras."
Que telma é esperta está nas entre-linhas.
Ela às vezes é reflexo do Charlie.
:P
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