sexta-feira, 7 de março de 2008

Ciclos de Mudanças.


De modo fraudulento, o pensamento que eu podia ter sido um bom par, toma-me o ar.

É por fazer estadia nesse grande [in]cômodo do ressentimento que as lágrimas não se sobrepõem a mim. E assim lembro que não fui sensível às suas quando reclamastes da minha falta de atenção e indiferença.

Faltou-me a dedicação. Faltaram-se os meus telefonemas, as mãos escorrendo pela sua face, desenhando seus traços suaves e coloridos enquanto beijava-lhe os lábios carnudos. Estiveram ausente os dedos que deveriam se enlaçar nos seus cachos negros tão bem feitos e perfumados, que se deitavam lânguidos sobre seus ombros largos desejosos por um afago.

Eram tristes as noites quando nos sentávamos naquele banco sob a lâmpada única daquele poste. Não nos separava somente a distância das extremidades do assento, mas um mundo tedioso imposto por mim. Quando questionado sobre meu dia resumia o máximo que podia e deixava o diagnóstico sobre aquele chão negro debaixo dos nossos pés.

- O dia foi bom. – Murmurava quase inaudível.

Ela esperava o retorno da pergunta. Meus lábios nem sequer se moviam. O relógio eu olhava sem parar, queria ir logo embora, sempre.

Ela sempre esperou de volta um moço que lhe chamasse para uma tarde no parque, no cinema, no pátio ou em “em lugar algum”, contanto que estivessem juntos. Não aconteceu. Não vieram as músicas dedicadas nem palavras dóceis. Não vieram as piadas sem graça, mas que gerava tão grandes gargalhadas. Não houve silêncios saborosos, nem menção de [olhar] inebriante.

Pude descrever o que faltou, pois abri as janelas. Eu não passei do ponto.

4 xícaras:

Renato Ziggy disse...

Maloy,

Tá aí uma outra faceta sua que não conhecia: a de um homem frágil que reconhece suas falhas e as confessa para uma mulher.

Engraçado que achei o estilo desse seu texto muito parecido com o meu.

Amplexos!

Zy

Rute & Bruno disse...

Ui.. Que texto mais.. Familiar.

HB

R Lima disse...

A simples e incômoda certeza do erro que se comete no claro do dia e se percebe.. só se percebe, na escuridão da solidão.. é em si a maior e melhor percepção de que precisamos aprender a enxergar o tão óbvio.

Abçs,



Texto de hoje: sEm reSerVaS...

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Cristiano Almeida disse...

Vivendo e aprendendo, meu caro. E tentando se corrigir. Assim é a vida de quem quer fazer melhor e de quem ama.