sexta-feira, 29 de maio de 2009

Partida





Finalmente estava de volta após me ausentar durante três meses. Já se passava dois dias que eu havia me encontrado com ele naquela cafeteria e eu imagina que ele havia me aguardado com ansiedade, mas eu estava redondamente enganada. Novamente apresentou indiferença e dessa vez seus olhos estavam cheios de altivez. Percebi também que ele evitava o meu olhar. Eu reconheço que ele teve motivo para tal. Tínhamos combinado que nosso encontro seria apenas para resolver alguns assuntos inacabados, nós dois sempre vivemos com tudo às claras. Ficou claro para mim que ele estava agindo apenas por obrigação. E eu tinha certeza que estava ali apenas por minha conta e risco; nosso último semestre não foi agradável, nossa separação mexeu muito comigo, na verdade ainda não consegui superar tudo o que aconteceu. Mas agora não tinha muita escolha, estávamos ali apenas como amigos, ou conhecidos; muito diferente do dia em que nos conhecemos e juntos tivemos a impressão de estarmos loucamente apaixonados; contentíssimos à mesa, nos tornando amigos íntimos e amantes.
Eu citei sem intenção alguma de persuadí-lo um momento que tivemos juntos nos bancos em frente a cafeteria, quando ia mencionar o céu um tanto quanto avermelhado ele me interrompeu dizendo que aquilo não importava mais e pediu que fôssemos direto para o assunto. Porém me surpreendeu quando disse que apesar de tudo eu fui sempre honesta e virtuosa.
- Não sei se há razão no que diz - O interrompi. Mas sem que ele percebesse derramei lágrimas e soltei um suspiro.
Eu sabia que não seria fácil superar o que vivemos, mas a boa notícia é que eu estava disposta a abrir mão de toda a nossa história. Pela primeira vez eu tinha plena certeza que ter esperança só era uma forma de esconder a verdade. Apesar de termos muita coisa em comum e termos vivido algo que nos marcou muito, não éramos para ser eterno. Trocamos os sentimentos quando decidimos dar um passo maior no nosso relacionamento. Como amigos éramos fantásticos mas como amantes nossa história não duraria. Eu sei que talvez eu tenha aceitado isso muito tarde, após todo ciúme e brigas, mas por outro lado só agora eu tenho a certeza que sou o bastante forte e estou realmente convicta que posso deixá-lo seguir. Reconheço também que seria muito mais fácil se ele fosse seguir só, pelo menos no início; mas não foi assim que aconteceu. Ele está respirando satisfação e desejo por sua nova garota de cabelos enegrecidos e flores no pescoço.
Surpreendi a todos com a minha decisão de deixá-lo partir, dir-se-ia que o destino estava ao nosso favor e que tudo que nos aconteceu desde o início foi como de propósito.

2 xícaras:

Jaya Magalhães disse...

Comecei a ler, mas não posso terminar. Não hoje.

Jaya Magalhães disse...

"...a boa notícia é que eu estava disposta a abrir mão de toda a nossa história. Pela primeira vez eu tinha plena certeza que ter esperança só era uma forma de esconder a verdade. Apesar de termos muita coisa em comum e termos vivido algo que nos marcou muito, não éramos para ser eterno."

Li até o fim, hoje. Já não doeu. E esse trecho, Débora... Já foi escrito pra mim, talvez por você mesma.

Eternidade existe enquanto durar, não?

Beijos.