"[...] não existia mais; e também nas atitudes dele já não via exemplos de perfeição, já não riamos sem motivo, olhando um para o outro, pelo simples prazer de rir. Tudo isso foi desaparecendo sem que notássemos. Agora cada um tinha seus prórpios interesses e preocupações, que não procurava compartilhar com o outro. Passamos a aceitar com naturalidade que cada um aceitasse seu próprio mundo, onde o outro não tinha lugar. Acostumamo-nos tanto com essa situação que nossos olhos já não se turvavam quando olhávamos um para o outro."
"O culpado disso é o tempo e nós mesmos. Em cada fase da vida há um tipo de amor... - disse ele e calou-se por um momento. - Devo dizer toda a verdade? Já que você quer franqueza... No ano em que nos conhecemos, eu passava noites em claro, pensando em você, e construí eu mesmo aquele amor, que foi crescendo no meu coração. Da mesma forma, em Petersburgo e no estrangeiro eu não dormia, passei noites horríveis estraçalhando e destruindo aquele amor que me torturava. Mas não o destruí inteiramente, destruí somente a parte que me fazia sofrer. Fiquei tranquilo e agora eu a amo, mas com outro tipo de amor."
"Não vamos tentar repetir a vida - continuou ele - não vamos mentir para nós mesmos. E vamos dar graças a Deus por não termos mais as inquietações e ansiedades de antigamente "
"Precisamos viver todo o absurdo da vida, para podermos voltar à vida verdadeira[...]"
Trechos Extraídos*
A Felicidade Conjugal - Leon Tolstói- Pag 100, 119, 120, 121.
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009
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4 xícaras:
Russo, em todo o seu tom.
[Acho até que lembrei meu folhear de Anna Karenina, nesse desapego às convenções que a sociedade determina - a naturalidade da escrita no primeiro trecho].
Do segundo, eu fiquei passeando nas letras como quem caminha de um lado pro outro enquanto busca uma reflexão. Pensei que antes, talvez não fosse amor. Destruir a parte que faz sofrer, e continuar a carregar o sentimento, é algo que julgo impossível. Pretensão discordar do filósofo? Rs. Ouso. Porque fico mesmo é achando que ele escreveu num momento onde queria viver a escrita. Da própria felicidade conjugal, que talvez almejasse. [Pausa]. Ou então, na verdade, o amor é o mesmo [e sempre], mas apenas soube-se encaixá-lo ao modo do fazer-bem. Entende como?
Dos absurdos, eu quero vivê-lo.
Amando.
Gostei da postagem, Will.
Besos.
"Precisamos viver todo o absurdo da vida, para podermos voltar à vida verdadeira[...]"
Qual seria de fato a verdadeira vida? Qual seria o mais pleno amor? Onde se encontra a felicidade conjugal?
Difícil responder? Não. Tudo se encontra onde habita a luz. E a fonte de luz é o amor em plenitude. Aquele que brota no céu e pode ser semeado em terra boa que dá frutos e os compartilha em prol de benefícios alheios, ao contrário do que senti nesses trechos.
Percebi aí um amor que atende a conveniências pessoas, que se molda a desejos e propósitos egóicos. Adequa-se à demanda não do casal, mas da duas partes constituintes do casal. E isso promove toda a diferença, que se encontra na sutileza e na profundidade das coisas.
Por isso, creio que alguns casais tenham certo insucesso no casamento: não reviram seus conceitos sobre as possibilidades de se amar. Amas-e em função de carências e interesses ou em função da bênção que é amar, doar e viver em comunhão?
Reticências ficaram plantadas aqui.
*pessoais
Oi, estou doida à procura do livro "A Felicidade Conjugal" do Toltsoi....você sabe onde eu posso comprar esse livro? obrigada! meu e-mail é ahrens82@hotmail.com...se puder e souber de alguma informação nesse sentido agradecia que me ajudasse. Valeu.
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