sábado, 21 de março de 2009

Confesso




Meu coração estava fechado para qualquer fantasia. Principalmente as fantasias que o amor cria quando estamos apaixonados. Eu havia decidido não me envolver e o fiz por muitos anos.
Vivia uma vida "normal". Trabalhava, estudava e fazia atividades físicas.
Caminhava sem me prender a nenhum detalhe de cor, pessoas, flores. As vezes parava e agachada alisava a cabeça do cachorro que estava por perto; outras vezes me encantava com o sorriso ingênuo da criança no parque. Mas nada de fato prendia a minha atenção. Eu escolhi que fosse assim.
Lembro-me uma vez de ter ido a uma festa de crianças tinha muitos balões coloridos , doces e brinquedos por todo o salão, desejei que a vida terminasse ali entre a inocência e a esperança; mas não foi assim. Eu me sentia confortável nesse meu mundo até que você chegou!
Eu me lembro da primeira vez que eu te vi; não acreditei que em uma pessoa apenas poderia estar tanta beleza. Os seus olhos meigos espalhando mel, seu sorriso doce, sua pele macia. Você caminhava como se fosse o único naquela rua, na verdade eu lhe fazia o único naquele momento. Depois de muitos anos, pela primeira vez eu me senti atraída por algo desconhecido.
Eu percebia os seus passos, fazia torcida para que você voltasse a passar. Marquei em minha agenda todos os dias que eu te vi juntamente com os horários e sobre as linhas derramava a cena que eu desejei tanto ver, mas o que eu não sabia era o que estava sendo escrito nas entrelinhas.
Senti-me uma boba, só quem me conhecia percebia o meu sorriso desabrochar quando eu te avistava, mas todos desconheciam o motivo pelo qual meu sorriso aparecia.
Você se tornou um vício bom, um costume agradável. Sem que você me soubesse sabia seus horários e seus caminhos e de longe te percebia.
Faltava em mim coragem de falar o meu nome e também o meu interesse e admiração por você.
Eu achei que todas as outras garotas também fazia o mesmo e isso de certa forma me inibia; mas um dia eu decidi saber de você.
Perguntei o seu nome ao motorista do ônibus das 15:00 e não acreditei quando ele disse que você morava umas quadras após a minha. Essas informações despertaram em mim algo que posso chamar de um surto bom e eu fui à sua procura.
Aos poucos fui ficando sem saída, perdi as linhas e lá estava falando com você ao telefone.
A sua voz ainda está aqui dentro de mim e seu sorriso como um sorriso tímido e vergonhoso me encantou. Mas a melhor parte foi quando você pediu meu telefone, eu cheguei a dizer que finalmente o dia chegou e revelei que esperava ansiosamente por esse momento. Você sorriu e novamente despejou encanto.
Começamos a nos revelar; nome, idade, atividades, gosto e acabamos descobrindo que temos muito em comum. Desejei tocar a tua face e beijar-te suavemente os olhos. Agora espero ansiosamente ver-te e conto os dias através das rosas que tenho plantado para colher e entregar para você, e confesso que nunca vi um Domingo demorar tanto de chegar!

4 xícaras:

Rute Almeida disse...

E ele sempre presente em tudo.. Que bom que se encontraram!

Jaya Magalhães disse...

Hoje, é domingo!

E, Débora, eu tenho muito do que a moça do texto expôs. Entendi bem das delícias às quais ela se permitiu.

P.S.: Vai ter continuação, né?

Beijos.

A Maya disse...

Ah, adorável demais.
Esse início do encanto, os laços que se encontram...

Eu também quero a continuação, afinal, hoje já é segunda.rs

Beijo!

Talita disse...

só vc pra botar essa carroça pra andar com excelentes textos!!

parabéns, xuxu!
=]