quinta-feira, 26 de março de 2009

Amargo



Geralmente quando a chuva cai existe um atrevimento talvez natural de recordar-se dos momentos bons da vida e na maioria das vezes esses momentos são sempre a dois. Lembramos do primeiro olhar, do primeiro beijo e até da primeira briguinha de casal. Recordamos-nos de quando andávamos de braços dados entre as folhas do outono, do chocolate quente após tomar aquele banho de chuva. É sempre assim! Quando estamos envolvidos emocionalmente nos iludimos com o para sempre, escondemos os defeitos e exaltamos as qualidades de quem amamos na tentativa de deixar doce o que é amargo. Perdemos-nos em meio ao labirinto de tristeza e tentamos desvendar o enigma do sofrimento, principalmente do nosso sofrimento. Mas mesmo assim reconhecemos que é difícil abandonar quem amamos, mesmo tendo mil motivos para não se permitir, sempre encontramos outros mil motivos para tentar novamente acreditando na ilusão da felicidade perpétua. Somos envenenados novamente pelas fantasias e falsas esperanças. O olhar que era doce, as palavras que era amáveis tudo isso se perde com o tempo. Existe uma auto-indagação sobre as promessas de amor, sobre as palavras de romance, sobre os beijos e abraços; então entendo que quando estou envolvida não estou apaixonada, estou perdida, porque na verdade não existe amor, existe a ilusão de amar.

2 xícaras:

Rute Almeida disse...

Não sei se sorrio com a leveza do texto [leveza de chuva], ou se paro e penso se não vivo algo semelhante.

Obrigada por mexer na ferida, Débora. Ela me faz doer por dentro.

Talita disse...

Nada o que acontece na vida é ilusão. O amor é real, a dor é real, a felicidade e a tristeza tb são reais.
Mas como diria john lennon: "viver é fácil com os olhos fechados, interpretando mal tudo o que se vê" (na música, Strawberry Fields Forever).

É isso, baby: o amor anda muito humano pro meu gosto.
;)