sexta-feira, 17 de outubro de 2008

(Re) Encontro





Acordou ao som do despertador, o relógio marcava 7:00 da manhã. A primeira coisa que percebeu é que tinha dormido por cima das cartas e fotos que havia recebido há 3 semanas atrás.
Levantou-se, calçou os pés em pantufas de urso e dirigiu-se até a cozinha.
Revestida de pouco pudor, e com os cabelos bagunçados, abriu a geladeira e alcançou a garrafa de leite que estava na terceira prateleira.
Dirigiu-se arrastando as pantufas até a varanda de casa. Lá estava o seu cão com pêlos cor de creme ainda dormindo. Abaixou-se e pegou o jornal que por toda manhã era lançado pelo jornaleiro; um lindo e gentil menino de baixa estatura que rodeava a cidade todas as manhãs.
Ainda cambaleando embalada pelo sono que não desgrudava, dirigiu-se ao sofá e ali se despedaçou. Com muito esforço estendeu a mão para a mesa de centro e alcançou o controle remoto. Desconhecendo o que estaria dento do aparelho de vhs, apertou o play.
A pequena dorminhoca de pantufas de urso foi surpreendida por um vhs antigo onde havia registrado os momento mais apaixonantes. Naquele momento perdeu-se no tempo e encontrou-se em seu amor. Lá estava registrado o passeio do parque, o piquenique na praia, a guerra de travesseiros, as declarações surgidas em jantar a luz de velas e os momentos embaixo dos lençóis.
Sorriu. Não fazia noção do tempo que aquele vhs se escondia buscando a oportunidade para mostrar-lhe o quanto ela tinha sido feliz ao lado dele.
Ele que caminhava ao seu lado, que deitados no chão do parque, olhavam o céu e a cada estrela que caia faziam pedidos eternos. Ele, o seu pequeno príncipe sem cavalo branco que havia lhe presenteado com uma corrente de prata com a letra inicial do seu nome. Que por dias as fios lhe deixava mensagens no celular, recados apaixonados na secretária eletrônica.
Reviveu as manhãs que ao ouvir o despertador tocar, lançava a mão ao lado da cama e o acariciava beijando-lhe os olhos. Recordou-se das noites de Natal onde sozinhos, festejavam com vinho e massas. Lembrou-se das canções que tocavam em seu antigo toca disco.
Ela havia se entregado a ele como uma criança ao peito de sua mãe. Assim como uma criança desprotegida se encontrava a pequena morena de cabelos emaranhados.
As horas passaram e ela permaneceu envolvida nas lembranças, lembranças que por vezes arrancava lágrimas doces de seus olhos cor de mel.
Não percebeu quando a porta se abriu, mas ao cair em si, viu que em sua frente estava ele, o seu príncipe sem cavalo branco. Ele que havia partido há 5 meses para servir em uma organização não governamental para ajudar os soldados ferido da guerra.
Ela temia que ele não fosse sobreviver há tantas guerras, armas, atritos. Mas ele voltou e ali estava, parado em sua frente, segurava nas mãos o anel que ela lhe havia dado no aeroporto.
O amor tinha superado a guerra, o amor havia superado a distância, o amor havia superado o medo e o temor.
Ele abaixou-se e de joelhos arrumou os seus cabelos. Como fazia todas as manhãs, deu-lhe um beijo na face.
Respirou fundo e disse: eu voltei minha pequena e prometo-lhe que jamais te deixarei.
Tomou a garrafa de leite que estava em sua mão e colocou as pétalas que havia levado dentro de seu livro. Enxugou as lágrimas da sua pequena com pantufas de urso e ali adormeceram, abraçados, unidos e felizes. Felizes até que o amor os separe.

1 xícaras:

Paah disse...

Belo texto. As descrições são sinestésicas de tão sentidas. Ótima postagem. :)