sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Dos Sonhos Reais


*Imagem Google*

*Ouça a música enquanto me lê*


Essa noite eu tive um sonho de talhar o coracao, daquele que lhe causa uma enorme dor no peito e traz consigo uma vontade incontrolavel de chorar. Minha mãe, que estava no meu quarto, perguntou se eu estava sonhando, porque eu gemia audivelmente.

No sonho eu era amigo de mim mesmo (muito estranho, eu e eu em um único sonho. No fundo achei até criativo). Mesmo sendo estranho era uma parceria perfeita, tinhamos o mesmo gosto, tocavamos violão, riamos das mesmas coisas e instavamos falar do amor de Deus para as pessoas. Um equilibrio perfeito entre espiritualidade e razão, não tinham jargões e clichês, mas uma maturidade e serenidade tão grande que se estampava na face deles. Nesse sonho nós tiramos um fotografia, na foto nós sorriamos. Um vestia uma camiseta branca sem estampa e abraçava o violão com carinho, enquanto o "outro" vestia uma camiseta azul-violeta e com o braço esquerdo abraçava seu amigo. Essa foto foi revelada em tamanho 8x8 e ficaria com um dos "will".

Por algum motivo, não sei qual, eles se separaram. Um deles seguiu com uma bela garota, enquanto o outro partia em sentido oposto, sozinho, somente com a fotografia nas mãos. Lembro de terem se despedido numa cidadezinha do interior, onde as ruas eram de paralelepipedo e o dia era nublado e chuvoso. Foi nesse momento que notei que eu era ambos, só que com destinos e escolha diferentes. Notei também que no momento da partida eu tinha me tornado o solitário, cabisbaixo somente com uma lembrança em mãos, a fotografia e dúvidas na cabeça.

Depois da despedida passei a frequentar algumas igrejas e combater sozinho com veemencia e coragem, o que elas defendiam por certo sem fundamento algum. Com zelo eu não permitia que as igrejas colocassem qualquer julgo sobre os que necessitavam do seu auxílio. Até um dia que foi combatido e envergonhado por um líder de umas dessas instituições. Fui lançado no chão, xingado e menosprezado, tiraram de mim o fervor e a sede de justiça como se desnuda um mendigo moribundo. Foi ali, lançado ao chão, que ainda encontrei forças para retirar do meu bolso aquela fotografia, já com as cores desbotadas, e ouvir a voz do meu amigo que dizia em alto som:

- Lembre-se de mim! LEMBRE-SE DE MIM!

Mas foi exatamente nessa hora, que as emoções do sonho tomavam vida. Eu, ainda deitado, ouvia "LEMBRE-SE DE MIM!" por inúmeras vezes e a cada repetição sentia pancadas no meu peito. Eu podia ainda visualizar nitidamente a imagem na fotografia, dois jovens sorridentes com mesmos objetivos, motivados por um sentimento e uma fé tão genuína, mas que por alguma motivo um deles agora estava tão distante daquilo.

Minha agonia durou ainda alguns minutos, pois ainda ouvia minhas ultimas palavras no sonho.

Jogado no chão eu gritava:

- A culpa foi minha, apenas minha, pois deixei de anunciar a eles suas indescrições, não admostei a Israel sobre os seus erros. A culpa foi minha de ter me tornado egoísta e não me importar com meu proximo. A culpa foi minha, quando usei do meu conhecimento para me tornar soberbo e orgulhoso. A culpa foi minha! - Eu dizia enquanto olhava a fotografia e ouvia minha própria voz.

Consegui enfim acordar, mas demorei alguns minutos para me recompor, pois a vontade de chorar era enorme e a agonia era de amargar, eu sentia o peito arfar e sangrar intensamente.



(Os que conhecem minha história sabem muito bem o que isso significa. Embora seja apenas um sonho me levou a refletir sobre minhas atuais atitudes egoístas e minhas demonstrações de soberba e altivez. Aos meus amigos digo que desejo ficar só por alguns dias.)





4 xícaras:

Anônimo disse...

Eu percebi.

Nanda disse...

Que a reflexão e um pouco de - saudável - solidão sejam bálsamo para sua alma.

Renato Ziggy disse...

Engraçado, meu irmão, que dia desse pra trás eu tive um sonho similar ao seu. Tudo bem que não teve o mesmo engajamento, mas o fato é que eu me via no espelho (ou numa foto, sei lá) na minha idade atual e ao meu lado havia eu também, mas alguns anos mais novo (com 16, se não me engano). Engraçado que, realmente, mudei muito pouco ao longo desses 7 anos. Ganhei mais corpo, meu rosto está mais grosso, com cara de homem.. Mas a semelhança é demais!

O mais interessante disso foi que minha imagem de 16 anos - ao meu lado usava trajes que eu lá usei muito. E foi muito interessante me ver, saber que cresci e que tenho vivido tantas coisas, ainda que algumas coisas de mim tivessem ficado pra trás, ainda que eu não quisesse que isso acontecesse.

Mas enfim, quanto ao seu sonho, que bacana, ele. Teve um caráter revelador e por isso te tocou tanto. Espero de coração que possa refletir e resgatar aquilo que você permitiu que se perdesse no passado. Torço pela sua felicidade, pelo seu sucesso! Aliás, sua felicidade é a minha. Você é meu irmão, é meu grande amigo, e eu quero mais é que dê tudo certo na sua vida! Te amo, Will!

Meu abraço, cabrón!

Ana Elisa disse...

Sinto que perco a alma do texto por não saber quais são os detalhes da sua vida que engasgaram seu choro. Mas, pelo "corpo" do texto, eu digo que ele foi mais que um sonho. Diria que foi uma epifania velada.