sexta-feira, 11 de abril de 2008

A Sangrar

Fotografia: Will Guedes


Tinhamos somente uma tarde, era o impossível palpável. Você aguardava, ansiosa, a minha chegada na estação rodoviária.

Lembro bem da sua respiração ofegante e do seu silêncio eloqüente enquanto me abraçava no meio do saguão de desembarque. Soprei seus cachos negros e lhe beijei suavemente os olhos como tinha prometido. Você somente me olhava como ninguem tinha feito antes, eu lembro de ter me embriagado nos teus olhos, tamanho era o encanto deles. Lembro bem do par de sandálias cor bege, a calça jeans e a camisa branca com a estampa de flores, caia tão bem em você. Nas mãos você segurava as pétalas que lhe enviei por cartas e o broche em formato de uma clave de sol, lembranças das canções em comum. Você era um anjo, eu demorava a crer. Parecias inatingível de tanta doçura. Naquela tarde única eu querio ouvir-te, ver o teu alvo sorriso.

Lembro, quando se punha o sol você fez mimicas para expressar seus sentimentos, eu ria. A sua silhueta, seus cachos que bailavam ao som dos ventos da viração, eu chorava. Lanças-tes teus versos saborosos sobre mim. Ainda ouço a sua voz meiga em sintonia com as estrofes, tamanha peculiaridade a sua, meu bem. Você me mostrou o amor das atitudes e do sentimento, como você era madura.

Eu tive que partir e lembrar que hoje só há cicatrizes.

3 xícaras:

Renato Ziggy disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Renato Ziggy disse...
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Renato Ziggy disse...

Essas suas palavras me fizeram recordar de um certo alguém. E sabes bem quem é, por mais que exista a possibilidade de eu estar sendo equivocado ao pensar assim, "em secreto", que essas tuas belas e românticas palavras foram dirigidas a ela. E é isso que me faz pensar que o processo de cicatrização talvez não tenha terminado. Na verdade, independentemente de ser ela ou não, o fato é que a musa ainda está. E é. Amplexo e saudações!